Autódromo de Interlagos completa 80 anos com futuro indefinido
Com o futuro indefinido, o autódromo José Carlos Pace,
conhecido como Autódromo de Interlagos, na capital paulista, completa hoje (12)
80 anos de sua inauguração. Conhecido mundialmente em razão dos grandes prêmios
de Fórmula 1, disputados oficialmente no local desde 1973 – com exceção dos
anos de 1978 e de 1981 a 1989, quando ocorreram no Rio de Janeiro – Interlagos
vive um momento de indefinição: pode deixar de contar, a partir de 2021, com as
corridas da principal categoria do automobilismo mundial.
A administração do autódromo também está com o futuro
incerto. A prefeitura de São Paulo
apresentou duas vezes, desde o fim de 2019, o edital de concessão à
iniciativa privada do Complexo Interlagos. No entanto, o Tribunal de Contas do
Município (TCM) concluiu que o certame não tinha condições de ser realizado,
devido a uma série de detalhamentos não apresentados pelo governo municipal, e
o leilão está suspenso desde o fim de abril.
O contrato do autódromo paulistano com a organizadora do
Campeonato Mundial de Fórmula 1 termina em 2020 e não foi renovado, ou seja,
até o momento não há garantia de que a corrida continuará a ocorrer na capital
paulista a partir do ano que vem. Em maio do ano passado, o presidente Jair
Bolsonaro chegou a anunciar que o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 passaria a
ser disputado no Rio de Janeiro a partir de 2021 – decisão que ainda não foi
tomada pela categoria.
Mesmo o Grande Prêmio Brasil de 2020, em Interlagos, está
ameaçado de não ocorrer em razão da pandemia do novo coronavírus. Originalmente
agendada para o feriado de 15 de novembro, a etapa brasileira em São Paulo
sequer começou a vender ingressos, o que tradicionalmente ocorre a partir de
março. Os organizadores do GP estão em compasso de espera, aguardando as
definições da Fórmula 1 sobre a atual temporada.
O Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 é um dos principais
eventos da capital paulista. Segundo a prefeitura, em 2019 o impacto da corrida
no turismo foi de R$ 361 milhões, crescimento superior a 8% frente aos R$ 334
milhões registrados no ano anterior. O público no autódromo também tem
aumentado. Foram 158 mil pessoas nos três dias de provas de 2019, contra 150
mil pessoas em 2018.
História
Em 12 de julho de 1936, a capital paulista foi palco da prova
internacional GP Cidade de São Paulo. Sem um autódromo, a corrida foi disputada
nas ruas da capital. Na disputa, a piloto francesa Hellé-Nice sofreu um
acidente que provocou seis mortes e ferimentos em mais de 30 pessoas. A partir
de então, a cidade começou a construir um local adequado e seguro para as
corridas automobilísticas.
Em 12 de maio de 1940, o Autódromo de Interlagos é
oficialmente inaugurado, com a realização de duas provas: uma de motos, em um
trajeto de 96 quilômetros (12 voltas) e, outra de carros – o Grande Prêmio São
Paulo – com 200 quilômetros (25 voltas).
O vencedor da prova em duas rodas foi Hans Ravache e, entre os carros, Arthur
Nascimento Junior. Um público de 15 mil espectadores assistiu às corridas.
Entre outros campeonatos de destaque, ocorreram no autódromo
o Grande Prêmio 4º Centenário da Cidade de São Paulo, as Mil Milhas, o
Campeonato Internacional de Fórmula Ford, torneios de Fórmula 2, Fórmula 3, e a
partir de 1972, a Fórmula 1.
Principal categoria do automobilismo mundial, a F1 realiza
sua primeira prova oficial em Interlagos em 11 de fevereiro de 1973, vencida
pelo piloto brasileiro Emerson Fittipaldi. No ano seguinte, ele repete o feito,
vencendo novamente. Em 1975, é a vez do também brasileiro José Carlos Pace
chegar em primeiro lugar no GP do Brasil de F1. Em homenagem a Pace, morto em
cidente aéreo em 1977, o autódromo de Interlagos tem seu nome desde 1985. Em
1991, Ayrton Senna vence a prova da F1 em São Paulo pela primeira vez. O feito
é repetido em 1993.
Por Agência Brasil /// Foto: Divulgação
