O Maracanã nesta terça-feira (16) está completando 70 anos de
existência. E um dos momentos mais marcantes do templo do futebol brasileiro
foi feito por um jundiaiense. Dalmo Gaspar fez o gol do segundo título mundial
do Santos, contra o Milan, em 1963. Foi a primeira conquista mundial de um time
brasileiro no país – o outro foi o Corinthians em 2000.
Dalmo já era titular absoluto da lateral-esquerda do Santos,
ao lado de Pelé, Pepe, Coutinho, Pagão e outros. Naquela época, o Mundial de
clubes era disputado em uma melhor de duas ou três partidas. Na disputa de
1963, no primeiro jogo, na Itália, o Milan venceu o time praiano por 4 a 2. O
jogo de volta foi no Maracanã e o Santos venceu pelos mesmos 4 a 2, forçando o
jogo desempate.
No terceiro e decisivo confronto, também foi no Maracanã, no
dia 16 de novembro de 1963. O Peixe jogou sem Pelé, que estava lesionado desde
a segunda partida. Coube então a Dalmo cobrar uma penalidade aos 31 minutos do primeiro
tempo, diante de um “Maraca” completamente lotado. O jundiaiense cobrou do lado
esquerdo do goleiro. Balzarini acertou o canto, mas não conseguiu pegar. 1 a 0,
e a consagração do lateral jundiaiense, que definitivamente entrava para
história do clube e também do estádio. Na época, Dalmo marcou o gol quando tinha
31 anos.
“Era um barulho ensurdecedor, aquele povo todo gritando.
Houve um desentendimento. Quando eu ia bater, dava a paradinha e o goleiro se
adiantava. O árbitro mandou que eu não fizesse a paradinha e que o goleiro não
se adiantasse. Fui frio e calculista, pois estava acostumado a cobrar pênaltis
nos outros clubes em que joguei. Quando corri para a bola, o estádio silenciou.
Mas já estava decidido. Bati no canto esquerdo do goleiro, rasteiro, e fiz o
gol”, declarou Dalmo, sobre a cobrança.
Em entrevista, Pepe afirmou que era ele quem costumava bater
os penaltis, mas, por amizade e confiança em Dalmo, deixou que o lateral
esquerdo cobrasse. “Antes do jogo, o Lula falou: ‘Se tiver pênalti cobra o
Dalmo ou o Pepe’. Eu não vinha em uma fase muito boa, quem estava batendo
pênalti era o Pelé. O Dalmo estava muito seguro. Foi a melhor coisa que
aconteceu. Eu poderia ter marcado o gol do título, mas fiquei muito contente
porque o Dalmo é muito meu amigo e merecia”, afirmou Pepe.
Dalmo morreu aos 82 anos em um hospital de Jundiaí, onde
estava internado, no dia 2 de fevereiro de 2015. A causa da morte foi uma
infecção bacteriana no sangue.
Por Thiago Batista /// Foto: Divulgação – Diário Santista,
Acervo Santista e Terceiro Tempo